domingo, 6 de dezembro de 2009

Dobrando a minha esquina

Vozes, na verdade uma voz. Foi isso que me tirou daquele piloto automático enquanto caminhava pela calçada. Na verdade uma garota, não a beleza, a voz. Loira, de pele clara, olhos claros e de fato bonita,confesso.Tínhamos em comum o ônibus que tomávamos para o metrô, nada mais. Uma daquelas pessoas integrantes da paisagem cotidiana, tal como são os prédios e os carros, era assim como eu a via e assim como ela devia me ver. Mas hoje, depois de anos, por um acaso, ouvi a voz dela, falava ao telefone com algum amigo.

- E hoje você passa na casa do ... - foram-se aumentando os passos e diminuindo a voz até virar a esquina.

Estranho.

Dia a dia, lugares públicos que se enchem de sons, de passos, respirações ofegantes, buzinas, latidos, mas e quantas pessoas não passam pelas nossas vidas em silêncio?

Mas há também aquelas que ignoramos. Uma pessoa chata, um pregador de moral que nos escolhe como alvo, alguém que nos pede informação, um mendigo, um amigo. Muitas vozes, mas poucos ouvidos.
O mundo gira em silêncio, emudecido.
E as incontáveis vozes nas nossas cabeças?
Fantasmas do passado, do desejo, do futuro. Pessoas que não conhecemos que queríamos conhecer.

Frustrações.


Perturbações, falta de calma, sufoco psicológico.

Pensamentos enfim e talvez alguma conclusão provisória.
O mundo gira em silêncio, emudecido, mas frenético na minha cabeça

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Aniversário

Um bolo com velinhas pra soprar.
Uns parabéns,
Um tio velho com um pacote escondido nas mãos,
Umas palmas meio descordenadas espantosamente com um ritmo alegre,
Uns chapéuzinhos também para dar o ar de graça.
Um,
Dois,
Três
...
Cantemos.

Tudo como um relógio de bolso
O ritmo é o descompasso
e a previsão é a imprevisão.

O cheiro do pavil queimado,
A nostalgia de tempos idos
.
Um sopro,
Um sorriso,
A luz da vela que se apaga agora caminha com o vento de meus lábios.
Eis a magia da vida,
Eis mais um ano.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Final de semana

Domingo abafado,
O tic e o tac intermináveis.
Um estalo na mente e um impulso refletido na voz mecânica.

A esposa suspira frente ao marido imprestável:
Ah, por que os homens não conseguem fazer duas coisas ao mesmo tempo?

O marido reflete,
fuma cachimbo,
suspira.

O dia corre sem solução para o problema


...

Pensar,agir
Pensar ou agir
Pensar e agir
Ao mesmo tempo?
Não não
É muita metafísica pra um dia santo, dia de descanso.
Fiquemos no doce ar do cachimbo.

domingo, 27 de setembro de 2009

Impressão

Às vezes a primeira impressão nos basta para saber quem é esta ou aquela pessoa, mas e quando não nos é suficiente?
Será que ainda chegaremos a alguma certeza sobre alguém ou sobre nós mesmos? Então, viveremos sempre de impressões?

Não sei, tenho a impressão de que não chegarei a nenhuma resposta.

sábado, 12 de setembro de 2009

O que você vai entender disso tudo?

Merda! Foi a melhor palavra que encontrei para tentar expressar a minha raiva sobre certos fatos da noite passada. Uma explicação deste descontrole? Não não, ficaria mais frustrado com o contraste entre a expressão de pesar nos olhos e o sentimento de indiferença que há no coração de quem ouve a minha história. Basta que saibam da perda dos meus freios.
Merda! E ainda aumenta meu desgosto, mas agora se volta a mim mesmo. Desgosto. Desgosto por não ser racional o suficiente para ponderar sobre os fatos. Ponderar que ao mesmo tempo das desgraças que me deixam com a vontade de sentir o chão como bom travesseiro após vários socos no estômago há muitas outras para me animar: família, amigos, sucesso no trabalho, diversão...

Ora, mas não me importa agora o que pode me levantar. Ora, não me venha perguntar se estou bem, ou se preciso de ajuda. Não quero! Tirem a mão e os olhos de mim! Não venha me chamar de ingrato!

O homem declarou e lutou por direitos de liberdade, humanidade e também expressou o direito de ser feliz.

Balela!

Esqueceram ou não fizeram questão de lembrar que a tristeza também é direito! E, como se não bastasse, reiteraram que ser feliz é uma obrigação de modo que é quase crime reclamar da vida ou se lamentar vez ou outra. Ora, tenho o direito de estar triste, de ter raiva nos dentes, de te odiar profundamente.

Mas no fim, o que importa no fundo tudo isso a quem lê?

Merda! É o único grito meu que as pessoas lembrarão sobre essa desconexão minha chamada raiva.

Desisto.
Este texto vai mesmo ao lixo!
Ficarei recluso no meu silêncio

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Lenvantado do chão

O amor que ainda não é amor é
pura expectativa,
Beijo em travesseiro,
Suspiros abobados,
Ares de ridículo,
Mas encantadoramente de apaixonado.

É também acreditar piamente na falha e pensar na felicidade de ver o erro da própria crença
É angústia pra quem não luta, reza pelo acaso e vive com o tormento do “e se...”
É friozinho na barriga pra quem vai em frente e decide responder pelas próprias ações.

Há amores que não viraram mas vão se tornar amores de fato.
Há amores que não viraram ainda e morrerão presos na garganta
Mas que antes de sepultados moerão nossos ossos com grande mágoa
Afinal, o sonho faz voar,
A realidade faz cair
A dor faz levantar.

Mas,mesmo assim, dói no peito sentir a ausência de quem se amou no pensamento
De mãos espalmadas em outro peito.
E como dói levantar.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O dia em que criei

Se um dia precisar dizer que te amo
Inventarei uma palavra nova
Um neologismo sem modismos
Que nenhum crítico literário catalogará
Que só nos saberemos

Quero o seu amor só pra mim
No máximo do meu egoísmo
Silencioso
Calmo
Maduro
Mas com a fúria de um infante.

Direi tudo numa palavra que não faça o mínimo sentido,
Sobre um sentimento mais antigo que a Criação
Que talvez não soe assim tão novo
Mas que com certeza te fará sorrir.


O homem tão tolo,
Ainda tenta entender,
Mas pra quê?

Serão dias sem sentido
À deriva no céu ao seu lado.
Não precisaremos explicar nada,
Não precisaremos de um mapa,

Os meus olhos nos teus e
O amanhecer nos bastará.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O princípio da tristeza

Desde quando?
Desde quando dói?
Desde o dia dez?
Desde dezembro?
Desde o além?
Desde quando esperei?
A quem ?

Pra pedir pra te ver
E você me deixar um bilhete?

“Desde o dia “Dê”
Desde o “Dê”
De desleixo
De desdém”

Desde quando dói?
Agora eu sei
Desde o dia em que você desconsiderou minhas palavras.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Lembrete rápido

Se um dia você me perguntasse se era a garota por quem eu sempre sonhei, diria com toda a certeza que não.Pois, se dissesse que sim, me chamariam de romântico, gênio, cafajeste, coisas que não sou.

Na verdade, apenas encontrei uma pessoa fantástica que estava além da minha capacidade de imaginar,de sonhar.

domingo, 19 de julho de 2009

Poema triste

Se apenas você soubesse o quanto sou triste
Quando vejo
Seu passo arrastado,
Sua respiração doída,
Seu olhar arrasado,
Sua lágrima não caída

Se apenasvocê soubesse o quanto quero lutar
Pela sua felicidade,
Pelo seu sorriso,
Pela sua saudade...

Se apenas soubesse de tudo isso,
Do que não te digo,
Da minha indignação
Da minha raiva de quem quer te ter na mão
De quem te trata como um cão.

Se apenas você soubesse o quanto me dói ver o seu riso despedaçado
Desejaria que eu não tivesse olhos, boca e que fosse desalmado

Mas você não sabe ,
Não sabe como dói meu coração....

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Futuro do subjuntivo

E se eu te dissesse que por trás dessa minha fala espontânea, há palavras dentro de mim tão fixas como tinta em papel de modo que elas não conseguem sair da minha boca? Saudades é uma delas.

E se eu te dissesse que por trás desse meu ar meio frio e desajeitado há um coração que no intervalo de suas batidas faz questão de fazer silêncio pra se lembrar em luto dos momentos em que você está ausente?
E se eu te dissesse que por trás desses meus risos tão grandes há um rapaz que logo se entristece quando vê raiva ou amargura nos seus olhos?

E se eu te dissesse que por trás dos meu olhos duros há um menino que quer te fazer lembrar da simplicidade da vida ,dos risos bobos, da felicidade descompromissada?Mas,que também há um homem que se preocupa em cuidar de você,seja nos dias de choros terríveis em que você precise de um ombro ou seja nos momentos em que você apenas rala o joelho e só precise de um band-aid,estarei lá pra te dizer: “Quando casar,sara” ?
E se eu te dissesse que, mesmo com esse meu ar desatento, fico angustiado em ver que nada posso fazer pra te ajudar?

Mas, e se eu te dissesse tudo isso e você nem desse bola?
Como poderia confirmar que tudo é se não a verdade?

sábado, 6 de junho de 2009

Morte Qualquer

O cano do revolver grita e a bala corre.
A voz da vítima não foi tão rápida quanto o gatilho.
O seu suspiro de dor
Não passará de suposição:
Apenas segredo de Deus.

Do corpo estirado,
Espasmos de um pulmão quase estéril.
Da ferida aberta,
Escorre sangue,
Saliva,
Suor,
Sonhos
E
Futuro
Que nunca será senão o vazio.


Aqui brota o gosto amargo da indignação
E a saudade de quem ainda vive.
(mas nem tão saudade assim)

Lamentemos,
Mas a vida segue.
Amanhã acordo cedo,
há outras preocupações.

Aqui jaz um fato,
Um sentimento triste,
Uma notícia de jornal
Uma pessoa.

Enquanto isso,
O revolver descansa em paz.
O dia segue

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Um céu incandescente

Tive uma grande amiga que disse uma das coisas mais significativas que glórias, fama, ou qualquer outro sonho grande que eu quis.Ela me ensinou sobre a importância das coisas pequenas e, sobretudo, de algo que é mais difícil de se ter que qualquer grande projeto: conquistar e reconhecer a importância das pessoas ao nosso redor,sejam elas pessoas próximas sejam pessoas ditas de passagem.Afinal,dizia ela, que há basicamente três tipos de pessoas a qual notamos neste mundo.


A primeira são aquelas chamadas cometas, são pessoas passageiras nas nossas vidas,que saem com a mesma facilidade ou imprevisibilidade como entraram.Todavia,causam um tal rebuliço que são capazes de,mesmo por um período curto, deixar a sua marca na nossa memória.Pois bem, lembra muito bem um cometa cadente,não?Nossa vida entrou em rota de colisão com ele,mas se desviou na esquina do futuro.


Por outro lado, há pessoas-estrela, são aquelas que pouco importa como entraram nas nossas vidas pois possuem qualidades tão significantes que são como uma luz constante em qualquer que seja o momento. São aquelas que não são notáveis por causarem uma grande impressão e sim porque conquistaram nossa confiança e carinho de modo a se fincar tanto no nosso coração como na memória.


Por fim, há aquelas pessoas que não são nem estrelas, nem são cometas, são apenas o que existe entre um brilho e outro: o escuro. São apenas pessoas que não notamos, ou não fizeram questão de ser ou que se perderam na nossa memória. Todavia, estão lá. Estão naquele vão para nos lembrar que existem;para nos lembrar na nossa incapacidade de reconhecer quem é quem naquela massa tão opaca;para nos lembrar que às vezes é necessário contemplar o vazio.

Infelizmente, não entendi essa lição por completo a tempo e perdi a fonte desses conselhos tão magníficos. Faltou-me uma idéia que, embora simples, é uma das mais difíceis de se colocar em prática: as estrelas,cometas e buracos negros não surgem sempre por acaso.Pelo contrário, na maioria das vezes cabe a nós dizer como cada pessoa da nossa vida se encaixa nessa idéia. Cabe ainda lutar para que os cometas se tornem estrelas e ,principalmente, que as estrelas não se apaguem e se juntem àquele imenso vazio.

Está sempre em nossas mãos ter um céu opaco e nublado ou um céu que se assemelha a uma noite estrelada de fogos de artifício.
Entretanto,no fim o que escolheremos para o nosso céu? E o que nós seremos no céu de outras pessoas?
Hoje podemos começar uma revolução ao luar,mas o que faremos?

sábado, 23 de maio de 2009

Neste exato momento...

Neste exato momento escrevo esta crônica pois prometi escrever um conto de fadas. Primeiro porque tenho tido conversas engraçadas sobre isso e segundo porque este tipo de história me ensinou uma coisa muito importante na infância: nunca nos apaixonamos por quem idealizamos .

Por exemplo, veja o caso do Tarzan: Alguém poderia dizer que, naqueles momentos de garota apaixonada e sonhadora, a encantadora Jane sonhava em se apaixonar por um homem que coçava o corpo com as unhas do pé e cujo melhor amigo era uma macaca?

Mas, acredito mesmo que o mais bonito mesmo é cada um criar a própria aventura e poder no fim dizer que fora tão fantástica que parece mesmo um conto de fadas. Talvez esta seja a segunda lição da minha infância: é melhor viver pra depois contar as aventuras do que viver contando histórias e nunca ter lutado por um sonho.

Assim, penso na vida como teatro da qual cada dia é um capítulo da grande peça que é a vida e cada um podendo ser o ator principal ou o coadjuvante.

Deste modo uso as próximas linhas não para criar um conto de fadas,mas para relatar um desses episódios um tanto quanto diferentes na minha vida.

Já conheci diversos tipos de pessoas e com os mais variados tipos de encanto, mas nenhum é tão bonito quanto o sorriso sincero que uma pessoa mostra a outra

Conheci um destes em uma festa.Poderia ser passageiro e deixar tal memória no passado como sempre faço,pensando que há muitos outros sorrisos que vou ver no futuro.Mas,desta vez foi diferente.

Neste exato momento, não quero que ela faça parte apenas da memória uma noite que nunca mais vai voltar, quero simplesmente poder encontrá-la mais uma vez pra dizer algo que não sabia como falar naquele dia:
Como seu sorriso é bonito.

Quem sabe,neste exato momento, esta pessoa não esteja lendo esta crônica?

Quem sabe,neste exato momento, ela não possa responder uma pergunta que não cabe neste blog?

terça-feira, 19 de maio de 2009

A garota da festa de quinze anos

A garota da festa de quinze anos não era muito alta, nem ao menos muito baixa, não era nem modelo nem capa de revista, era apenas a garota da festa de quinze anos.

Dançava axé, funk, balada lenta, valsa. Dançava e sorria como se as preocupações e tristezas não fizessem parte do seu repertório aquela noite.
A garota da festa de quinze anos tinha um sorriso diferente e de grande leveza que impressionava o meu olhar. Um sorriso capaz de fazer sumir o cansaço dos meus ombros carregados de uma longa semana de trabalho. E então, a partir daquele momento, a garota da festa de quinze anos já não era apenas uma das garotas daquela festa, era a garota cujo sorriso me encantou.

Mas, à medida que a festa corria homens altos, baixos, bonitos, feios, gordos e magros também começaram a reparar na garota de sorriso tão bonito.Daí , eu já não era o único expectador. Alguns se contentaram a ficar entre cochichos e olhares, outros resolveram saber mais sobre ela. E eu, não tendo flores ou grandes posses,apenas um nariz grande e vermelho, fiquei a pensar: como conquistar este sorriso?

A festa acabou e lá se foi ela pelas ruas da cidade. Aonde mora,da onde vem,há amigos em comum?Meu Deus, será que nunca mais vou vê-la?A aniversariante me dá uma pista e eu fiquei a pensar na garota da festa de quinze anos.

Hoje,a garota daquela festa de quinze anos,não é apenas a garota do sorriso bonito que ficou na minha memória, é também a garota a quem disfarçadamente escrevo este bilhete com a vontade de que, ao ler minhas palavras,eu ganhe um sorriso tão bonito quanto eu vi aquela noite.

Mas, hoje nesta noite fria de outono, aonde está a garota da festa de quinze anos de sorriso tão bonito?

sábado, 9 de maio de 2009

Por que eu luto?

Além de fruto de uma enorme força de vontade, lutar é procurar mais de uma possibilidade de agir quando nos levantamos pela manhã. Deste modo, inspiro-me na idéia de um bonito texto que fala sobre isso para deixar aqui algumas das minhas indagações: esperaremos o dia ficar ensolarado para termos cores no presente ou seremos nós os verdadeiros artistas de nossas vidas?Olharemos para o passado a fim de remoer as dores e apontar culpados? Ou levaremos as coisas boas que nos fizeram nos ombros e as más encararemos como aprendizados? Desistiremos de lutar por que parece não ter restado nada ou continuaremos a lutar por que ainda resta algo?

Luto não só para realizar um objetivo, luto para não fadigar meus músculos da cautela excessiva e para não perder a flexibilidade da minha própria juventude. Acredito que a velhice de alma decorre justamente dessa nossa tendência a aceitar a derrota e a abraçar a impotência quando a situação nos parece difícil.

Luto por aquilo que acredito, não pelos sonhos de outros. E serão pelos meus que luto e lutarei, mesmo em face da maior desvantagem, pois não são os obstáculos impostos no meu caminho ou o tamanho das minhas pernas que serão capazes de dizer qual é o limite de quanto posso percorrer. Quem sonha, não precisa que outros digam até onde alcançam os passos, quem sonha anda até sem pernas,pois voa e não se importa com as dificuldades que enfrenta.

Luto não porque não tenho nada, ou porque ainda resta esperança. Luto porque acredito na força da sinceridade da palavra, no olhar atento, na felicidade. Luto porque não acredito na ilusão de conquista por meio da inércia e da comodidade.

Mas hoje, não luto porque quero eternizar meu rosto em mármore ou em páginas dos livros de História. Luto apenas porque quero dizer que eu só escrevi todas estas palavras porque acho seu sorriso muito bonito e que por ele vale a pena lutar.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Por que sorrio?

Às vezes me pergunto: por que sorrio? Como que este simples gesto pode fazer com que mesmo nos piores momentos aquele corpo retraído e de choro pesado se tornar tão leve ? E assim,ainda me questiono:como o sorriso pode durar pouco?
Logo os lábios cerram e a parábola,forma geométrica enigmática, se dissolve como sal em água.

Talvez sorrir seja como as flores: bonitas,pouco duradouras,mas de beleza que permanece eterna na memória.

Penso ainda que sorrir não só expressa a ternura de um fato ou como um ato trouxe felicidade, também significa ter no futuro a perspectiva de melhores tempos.
É permitir que o ar entre pela boca,renove a vontade e dê vigor o nosso corpo.
É, em resumo e acima de tudo, um atestado de querer ser feliz e que,claro,que também ja se fora muito feliz!
Afinal,tão importante quanto reconhecer o que já fora bom, é sorrir pelo desejo de construir um grande futuro.
Aliás,por que você sorri?
=)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A importância da História

Apesar de ser uma pessoa fascinada pelos fatos relatados na História da humanidade, tenho que admitir ser muito bem possível viver sem saber quem foi o “descobridor” do Brasil (Pedro Álvares Cabral, caso ainda reste alguma dúvida),que GV significa muito mais que uma faculdade ilustre ou ainda que o fato daquele bairro no centro da cidade de São Paulo cheio de japoneses e bugigangas legais existir se deve,em partes, a uma grande imigração iniciada há cerca de 100 anos(para quem não conhece esse bairro,pense na relação entre a simpática senhora oriental que vende pasteis na feira da sua região e a imigração mencionada.Consegue imaginar então por que tem tanto feirante oriental?).

É certo que esse tipo de desconhecimento,quando revelado perante alguma pessoa, pode gerar risos e até um certo desdém por parte de quem ouve,mas risos e olhares desconcertantes são muito bem superáveis.No máximo, a pessoa ganha um novo apelido e ainda aprende que o Lula não foi o descobridor do Brasil,embora possa ser o seu messias!

Aliás, este último personagem citado, nosso presidente, prova que é grande a chance de ser uma pessoa de grande influência sem ter grandes conhecimentos da História. Então, caro leitor, não se preocupe se você passou longe dos manuais de História do Brasil durante sua aventura de pré-vestibulando ou mesmo na época das calças curtas, você ainda pode ser um engenheiro muito bem sucedido (quem sabe um presidente?). É claro, dizem que ser japonês ajuda nessas horas!

terça-feira, 28 de abril de 2009

Diagnóstico médico

Bulimia de desejos,
Hemorragia de caráter,
Perda de sangue,
Quase delírio.
Preciso de uma febre:
Malária.
Delírio...quem dera!

O médico me pergunta:
Prefere amputar qual?
O indicador ,o médio ou a mão inteira?

Não quero ter de responder.
Espero acordar da febre.

Ânsia,anoréxico de forças.
Nessas horas eu acredito .
Acredito na dor ,
Na cruz de Cristo,
Em Deus.

-Então doutor,qual o diagnóstico?
É fome de carne,
Precisa de uma dieta.
Coma mais verduras e menos desejos!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Jovens de bengala,velhos de pára-quedas

Lembra da sensação, numa noite quente, em que se tentava dormir e um pernilongo passou rasante zunindo perto de nossos ouvidos?Pois é assim que acontece quando ouço certas palavras. Casamento, aparência social, falsidade, trabalho, chefe, separação, morte, hora-marcada, telemarketing, imposto, maturidade e, um ultimo exemplo e também instância máxima no assunto, responsabilidade.

Aliás, tem horas que me pergunto: que raios é essa responsabilidade tanto falada por ai?

-Olhe o seu tamanho, deveria ter mais responsabilidade – diz minha mãe.

-Você já é um adulto, tem responsabilidades a arcar!(Leia: impostos, família, pagar pensão, presentes, evacuar a casa dos seus pais, passar no vestibular... tudo de acordo com a pessoa que te diz isso,que aliás,jura que é para que você seja feliz!)

Bem, acho que nos ensinaram que esta palavra é a síntese do tudo aquilo que pode significar: você tem de arcar com as suas escolhas (embora não digam que nem sempre quem faz as escolhas do que se quer seja você mesmo). Mas, na verdade, eu mais sinto isso como se, em toda vez que me dirigem essa dita palavrinha, estivesse amordaçado e acorrentado numa cadeira de uma salinha de interrogatório da nossa polícia brasileira. Lá, um homem truculento – aparentemente capaz de usar de três a quatro palavras por minuto (afinal, não precisa falar muito,pois a quinta palavra, bem, acredite: seus ouvidos não estarão na sua cabeça, talvez nem ela esteja no corpo ainda, para que ouça a 5° palavra) – aponta um taco de basebol na sua cara, que na mão dele mais parece o palito de dente usado no almoço, e grita:

- RESPONSABILIDADE!Entendeu? Precisa repetir!?

-...

(Quatro palavras, ufa!)

Há dias em que me sinto traumatizado. Até parece que fui jogado, como um bêbado, de um camburão numa vala qualquer da cidade. Sinceramente, não penso que seja tão necessário acatar a tamanho terror cruzadista, prefiro a multiplicidade ao invés da rigidez imposta pela responsabilidade.

Tem dias para ser criança, se lambuzar com um bom sorvete de casquinha, descer barranco rolando, bater figurinha, dizer que gosta do namorado(a) como se fosse o primeiríssimo amor(ou dizer para a paixão secreta que a ama como se fosse um amor de longa data), andar de bicicleta e, claro, sem medo de ralar o joelho. Há também há dias para ser velho, ter cautela para não xingar quem merece,ser pensativo,dar o ombro pra acalentar uma pessoa querida,brincar com o neto,saber dar bronca, tomar cuidado pra não cair das escadas e tomar cuidado para que não grude chiclete na dentadura!

Ou,até melhor, há tempo de sobra para sermos um senhor com espírito de jovem aventureiro!Pena que também há para sermos jovens com pele de uva-passa, ou ainda, velhos com cabeça infantil.

Penso até, com certa nostalgia, em retirar do guarda-roupa e fazer como os garotos fazem com ternos e gravatas dos adultos, só que agora ao contrário. Pegaria algumas camisetas, macacão, shorts, meias que iam até a canela da minha infância e usá-los novamente no meu dia-a-dia. Quem sabe, ir à faculdade, trabalhar...

Tudo bem, seria ridículo andar por ai. Minha camiseta lembraria um top feminino e a calça pareceria um micro shorts (será que já inventaram a nano? Aliás, será que daqui um tempo continuaremos a usar roupas? O aquecimento global está ai e o liberalismo também!). Definitivamente não pensariam que sou uma criança, nem ao menos pura e inocente!

Bem, pelo menos, valeria a risada!

domingo, 5 de abril de 2009

A Teoria dos Chocolates Efetivos

Este aqui é da época do pré-vestibular.Gostava muito(e ainda gosto) de Química e este interesse me fez escrever um texto juntando este assunto com mulheres e chocolates!Bem, acho que aqueles que estão nessa época de pré-vestibular entenderão melhor a paródia.No fim, se vc não gostar ou nem rir,considere este texto como uma piada nerd!(Daí vc agradece por não ter chegado em tamanho grau de nerdice !)

A teoria do chocolates efetivos não é bem uma teoria: é uma constatação meio mal vista.
De cara,tenho que dizer que, por se tratar de mulheres,as coisas se dão de maneira tão imprevisível que a combinação não obedece a nenhuma proporção estequiométrica ou padrão químico racional.Assim, podemos apenas estabelecer a seguinte relação quantitativa:
Uma garota+ n chocolates------> n²²²²² prazer

A presença de um catalisador não corrobora para que a obtenção do produto seja alcançada,visto que ele procura outros meios para que a reação se suceda,mas nem sempre o caminho escolhido recai no fim desejado,veja o exemplo de um catalisador em ação:

Uma garota + n chocolates ----(muita vontade de comer)----> sensação de culpa

Tal sensação de culpa é ,muitas vezes, infundada.Qualquer que seja o chocolate, parece que eles tem a propriedade de causar certos delírios na pessoa. No meio científico já se ouviu relatos de garotas que afirmavam veementemente estarem gordas.Pura ilusão de ótica(talvez expectativa de alguem lhe dizer que estão magras e lindas)!

Entretanto parece que é impossível manejar este produto em doses homeopáticas,parece que o fato dele derreter lentamente na boca,causar uma sensação leve na boca,fazer o corpo se sentir mais leve e ser acompanhado do sutil aroma de cacau(às vezes acompanhado de nozes ou avelãs) faz que o chocolate seja viciante.

Bem, voltando à teoria, parece-me que o chocolate efetivo é,por senso-comum, aquele que conquista os olhos,enche nossos peitos de uma fragrância única e faz nossa boca ,depois de um momento de longo dia cansativo,ficar coberta de um sabor indescritível.

Entretanto, para o máximo aproveitamento daquele pequenino quadradinho, recomenda-se comer sem culpa,lentamente,saboreando o desmanche do tablete na boca.
Antes de comer uma caixa, recomenda-se que se tenha, no mínimo, outras duas de estoque pois a falta desse diamante negro somado a presença do catalisador pode ocasionar a seguinte reação...

Garota + 0 chocolates ------(vontade de comer)------> mal-humor

E ,acredite,essa reação não pode ser invertida!
Então,
aprecie sem moderação =)!

segunda-feira, 30 de março de 2009

Auto-Biografia

Bem, faz um tempo já que escrevi isso.Inspirei-me numa auto-descrição de Graciliano Ramos,mas a biografia é minha, juro =)!

Não sou bom em fazer gentilezas,
por mais que tente,
elas saem descompassadas,
tortas,
desafinadas.
Mas,só as realizo quando sinto-as verdadeiras.

Gosto do isqueiro Zippo e seu barulho de abre-e-fecha.
Smooth com essência de avelã é perfeito em dias frios!
Chocolate não me faz tanta falta

Caras com face de bobo perto de mulher são cômicos,tristes como eu.
Odeio ônibus lotado,gente na porta do metrô,tudo cheira melancólico e estressante.

Perfumes cítricos!

Gosto do céu,de ar puro ,mas principalmente da chuva batendo na minha janela.
Bons livros,"Pequeno príncipe" é um deles!

Prefiro ficar sozinho às vezes,mas não sempre.
Gosto dos meus bons amigos.

Gosto de que reconheça o meu esforço quando ele é pequenino.
Me entristeço quando ele é tido como fútil.

Há ações que valem muito.
Combinar ação com palavra é perfeito:
Sorria e diga "muito obrigado!"

Um agradecimento me faz ganhar o dia.
um elogio,toda uma vida.
Uma critica,um aprendizado.
Uma maldade, um desprezo.

Gosto de respirar fundo,
me faz sentir vivo.
Gosto de poesia e escrever.
Gosto de sentir poesias.

Odeio ter que fugir e não conseguir.
Às vezes brinco de esconde-esconde comigo mesmo.
Às vezes perco.

domingo, 29 de março de 2009

Café da manhã

A mãe do comercial de margarina dispensa comentários! Mas, mesmo assim, vale divagar um pouco sobre esse fascínio que recai sobre o folclórico dos mitos presentes na mente humana, sobretudo o incômodo questionamento que está presente na mente feminina: como uma mulher daquelas,tendo uma mesa de café da manha tão farta, come tranquilamente sem engordar?

Já viu ela com algum sentimento de culpa depois?

Pior, pensando que ela não come e apenas sorri pra câmera, como consegue manter-se impassível ao desejo de experimentar tanta fartura na mesa?Talvez porque tudo ali seja de plástico ou tenha um gosto horrível...não,não há desculpas!

Não tenho a intuição feminina, mas, naqueles momentos em que a mente voa, tal qual numa viagem de ônibus, às vezes imagino uma mulher vendo um comercial daqueles.Então, penso nela dizendo :

-Propaganda enganosa!!!(É claro, com um pote de sorvete na mão e colher na outra.)

Afinal, só uma mulher sabe o quanto uma passada daquele tempero no pão pode causar um imenso sentimento de culpa.

Um publicitário de uma empresa de margarina trabalha incessantemente pra melhorar a imagem do que vende, mas deveria desistir de tentar vender esse produto para as mulheres, principalmente se ele próprio for casado.!Compra-se embalagens com inscrições do tipo 100% light,0% gordura,sem adoçante.Come-se em doses nano-homeopáticas e mesmo assim a mulher bufa e teima dizendo..."engorda"!.

Daí,senhor publicitário(sim,sinta-se culpado.Uma mulher o colocaria numa jaula!) alguém vai ouvir as queixas:

-Olha que horror!Mas essa calça nem cabe mais.!Como estou gorda!Regime já!!!

Bem, pode até ser verdade que aquele potinho seja realmente inofensivo e não as faça perder a calça favorita ou ter de entrar num regime exaustivo (aliás, único adjetivo capaz de caracterizar essa prática,principalmente porque elas nunca cumprem uma dieta por completo), mas sempre fica aquela sensação de não poder ser uma mulher igual a do comercial de margarina.

O coração da mulher sentada no sofá palpita.

Chorar? Não é preciso se rebaixar tanto,não!Esta mulherzinha não sabe o que é sofrer! – pensa ela.

-Perua ,ela tem celulite sim!Levanta a droga da camiseta! – em soluços.

O homem assiste estarrecidamente a revolução feminina na sala de estar ou na cozinha, não importa. A sua mulher já não suporta a humilhação de ter de encarar aquela modelozinha comendo sem engordar.Aos poucos a sua fala vai se tornando mais incompreensível que o normal.

- Tantos livros de dieta,tanto sacrifício em vão! - ela esbraveja

Não há mais tempo para acalmar o ímpeto de fúria.Infelizmente, há homens como este que não sabem distinguir a hora de falar ou se fingir de morto e, num tom sereno , apenas diz:

-É tudo computação gráfica querida! É a televisão, por isso que ela fica tão perfeita e gos...
Fora o comentário mais infeliz de sua vida. Está tudo perdido. A mulher avança com a mesma colher em punhos, agora futura prova do crime.

-Perfeita? – diz, num misto de mágoa e indignação.

A cena está armada, não resta muito a se fazer. O homem teve a sua chance. A polícia virá em breve. Para ele, fica no ar uma duvida: Por que é que vou morrer?

Já é tarde para saber.
Lá se foi mais um publicitário, algumas mulheres dormirão em paz esta noite.