quarta-feira, 29 de junho de 2011

Nota social

Sobreviveu à própria vida.

Nunca arriscou,

Fingiu amar a mulher que não amava

E o cão que nunca quis.

Se contentou com o emprego medíocre,

Com o sonhar a felicidade do comercial de tevê.


Dizia ter medo de morrer,

Mas era mesmo de viver

Descobriu tarde.


Deixou filhos ingratos,

Netos que não davam carinho

E que nem questão disso faziam.

Morreu em paz no domingo.

Ou já estava morto muito antes sem saber?

sábado, 11 de junho de 2011

Dia dos namorados e outras aflições

Com o dia dos namorados se aproximando, fico observando a enorme apreensão dos namorados e namoradas que não sabem o que dar de presente. Medo de ser repetitivo, ou de não agradar, enfim, uma centena de fatores a se considerar em busca do presente perfeito. Tanta aflição me lembrou certa conversa que tive a tempos com um amigo sobre o amor, ou melhor, o conceito deste. Explico melhor.

A discordância se deu em face de uma frase de um poeta que dizia que o amor é sentimento velho, mas que nunca saíra de moda. Desta idéia, criou-se uma dúvida: Será que os poetas, filósofos e transeuntes já esgotaram todas as formas de expressar o amor de tal forma que todas as que vierem não são mais que repetição?

A minha defesa era por dizer sobre a infinitude deste sentimento, ao passo que meu amigo ia radicalmente em sentido contrário, dizendo que de uns tempos pra cá tudo é senão repetição. Não vou expor os argumentos para não cansá-los, apenas cabe constatar que gastamos algumas horas e não chegamos a lugar nenhum.

Hoje a controvérsia veio à tona, tanto pela proximidade da data como pela falta do que fazer. Ponderei um pouco e percebi então que a discussão não era assim tão importante. Afinal, não importa se esgotaram ou não até a exaustão, se acharam um conceito perfeito ou se acabaram todas as possibilidades de expressar o amor.

Se ainda resta criatividade pra expressá-los além do “I Love You”, das flores e caixas de bombom é coisa menor pra se preocupar. O simples fato de já existirem diversas formas e possibilidades de escolha já deveria servir de alívio pra quem não sabe o que dar no dia dos namorados.

Mas é claro, inventar um modo inédito é sempre bem-vindo, seja para um presente inesperado, seja para uma desculpa fantástica para os que se apresentarem de mãos vazias amanhã.