domingo, 6 de dezembro de 2009

Dobrando a minha esquina

Vozes, na verdade uma voz. Foi isso que me tirou daquele piloto automático enquanto caminhava pela calçada. Na verdade uma garota, não a beleza, a voz. Loira, de pele clara, olhos claros e de fato bonita,confesso.Tínhamos em comum o ônibus que tomávamos para o metrô, nada mais. Uma daquelas pessoas integrantes da paisagem cotidiana, tal como são os prédios e os carros, era assim como eu a via e assim como ela devia me ver. Mas hoje, depois de anos, por um acaso, ouvi a voz dela, falava ao telefone com algum amigo.

- E hoje você passa na casa do ... - foram-se aumentando os passos e diminuindo a voz até virar a esquina.

Estranho.

Dia a dia, lugares públicos que se enchem de sons, de passos, respirações ofegantes, buzinas, latidos, mas e quantas pessoas não passam pelas nossas vidas em silêncio?

Mas há também aquelas que ignoramos. Uma pessoa chata, um pregador de moral que nos escolhe como alvo, alguém que nos pede informação, um mendigo, um amigo. Muitas vozes, mas poucos ouvidos.
O mundo gira em silêncio, emudecido.
E as incontáveis vozes nas nossas cabeças?
Fantasmas do passado, do desejo, do futuro. Pessoas que não conhecemos que queríamos conhecer.

Frustrações.


Perturbações, falta de calma, sufoco psicológico.

Pensamentos enfim e talvez alguma conclusão provisória.
O mundo gira em silêncio, emudecido, mas frenético na minha cabeça