domingo, 16 de maio de 2010

O domingo do meu cãozinho

Não ando lá muito bem humorado nos últimos dias, mas, ainda não cheguei ao ponto de um bom-dia dado por transeunte se tornar ofensivo ou ultrajante. Já faz quatro semanas que tenho provas e isso me dá uma pressão tremenda, ainda mais quando cada prova pede centenas de páginas a serem lidas. Definitivamente, isso não me faz bem.

O domingo veio lento e ensolarado, li meu jornal como de costume e resolvi fazer algo que há muito não fazia: levar meu cachorro pra andar por aí.
É um pequeno cãozinho preto e rechonchudo, cria de um Maltês com Poodle, não deixando de ser também um legítimo vira-lata. E lá estava ele deitado, tomando um gostoso banho de Sol quando disse:

-Vamos passear?

E logo se agitou, começou a latir, ficar empinado nas patas traseiras, a olhar para a coleirinha preta dele. Latia e apontava, como se me dissesse tal qual uma criança “Agora vamos, não?”. Às vezes, suspeito que entende o que eu falo, quem tem o seu bichinho deve me entender.

A rua vazia sem muita gente, apenas uns garotos correndo de um lado pro outro, uns velhos no bar logo cedo jogando conversa fora e umas beatas indo ou voltando da missa de domingo.

O dia bonito e não muito quente não era da atenção do meu cãozinho. Não olhava a mais de dois palmos de distância, estava sempre com o nariz apontado para o chão. Todo o ânimo estava concentrado não em ver as nuvens se movendo ou coisa que o valha, mas sim em olhar as minúcias da calçada.

Enquanto o meu passeio valia para esfriar a cabeça e me distanciar do cotidiano, o meu cãozinho queria era conhecer cada detalhe deste mundo. Investigava a calçada, postes, as saias das moças religiosas e tentava descobrir se algum colega canino por ali passara e deixara alguma mensagem. É claro que fez também questão de deixar a sua na calçada, mas logo tive de limpar para que um desavisado qualquer não pisasse no sinalzinho marrom deixado por lá. Espero que meu cãozinho me entenda e me perdoe. Não sou opressor, ou censor, longe disso. Sei que ele passa a maior parte do tempo em casa e mal tem como se comunicar mundo afora e realmente se deve aproveitar chances como essa, entretanto, preso pela sola dos sapatos alheios.

Esse pequeno passeio de uns 20 minutos valeu para deixar meu pequeno vira-lata ofegante e eu pensativo. Meu cãozinho fadigado parecia muito feliz e voltou para o seu banho de sol já com a língua tão estendida quanto o seu corpinho. Fez contato com os postes e vasos do meu bairro e não precisou olhar muito longe pra se sentir bem.

Talvez seja isso que precise. Não, calma lá. Não vou deixar qualquer tipo de vestígio nos postes ou calçadas ou cheirar o que tenha passado por lá. Acho mesmo que preciso começar a deixar essas coisas de Direito, livros, estudos, intrigas, brigas políticas um pouco de lado.

Bom mesmo é rir de bobeiras, sentar pra ver o dia passando, ou sentar pra não fazer nada sozinho ou com um bom amigo. Agora, meu cãozinho continua muito bem estirado sobre o tapete da entrada da cozinha, já entra naquilo que chamam da boa preguiça dominical, penso que eu fiz valer o dia dele, e eu como fico?.Vou aproveitar as pequenas coisas da vida hoje, os livros ficarão encostados. Quem sabe, também tomar um banho de Sol? Bom domingo a todos. Aproveitem!

Um comentário:

  1. O que são esses pequenos animais tão intrigantes e cheios de energia,que transbordam de felicidade com um simples instante de atenção?!Nós seres humanos,dotados de tanta inteligência,pensadores de alto nível,colocamos pessoas importantes de lado,desperdiçamos momentos únicos e deixamos grande par te de nossos sonhos para uma próxima vida,enquanto buscamos acumular notas de papel.Inteligentes mesmo são eles,os cães,a vida é feita pra se viver e ser feliz!!!
    Bem,embora o domingo já tenha passado,obrigada e desejo a você não só domingos,mas uma parte de cada dia!Aproveite!
    Bjos,G.com

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