quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Estrondo nas Arcadas

Do prédio de três andares, descia rumo ao segundo para uma aula nada animadora. Era manhã de quinta feira, ou melhor, final de madrugada, por volta das oito horas. O sono batia forte e, não fosse o estrondo tão grande, talvez não tivesse corrido pra ver o que ocorrera.

Uma barulheira de coisas se esparramando pelo chão e então, a cena. Uma garota desconhecida de cabelos ruivos cheios debruçada sobre os degraus. Coitada!Deve ter sido um baita tombo.
Preocupado, corro em sua direção. Estendo-lhe a mão para que levantasse e digo:
-Oi, quer uma ajuda?

E como se a minha mão tivesse sido, além de um ultrajante deboche, a invisível culpada por fazê-la tropeçar na escadaria, ela bufa e esbraveja como se quisesse recompor o orgulho:

-Agora não adianta! Minha calça já rasgou!

A minha mão ficara estendida ao ar, ficou por isso mesmo, tudo bem.

Mas, o que me assusta é que talvez não tivesse percebido que eu era, assim como ela, um estudante de direito. Já me disseram que com aqueles óculos de aro grosso preto eu fico parecendo arquiteto, até estilista. Mas, costureira?

Enfim, da história duas lições. A primeira é que eu preciso trocar de óculos urgentemente. A segunda é que, se eu quiser ajudar alguém de verdade, preciso andar - além do agasalho, guarda-chuva e caixa de remédios – com um kit que tenha agulha e carretel de linha na mochila! Ou talvez fosse melhor entregar como presente à moça desastrada e inapta em desviar uma perna da outra. Quem sabe dessa vez a ajuda não seja de mais valia que uma mão nua estendida e ela me dê um "obrigado"?

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