segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A partida

O novo olhar do dia ,

o passado preto e branco arrasado,

mas não descartável,

vira batido,

não sucata.


O sol de crista e coroa

vem bem intencionado.

Um corpo se livra das correntes,

Atira-se do abismo.


O futuro vem ao nosso encontro,

o tempo voa,

vira presente,

ultrapassa e passa passado.


Rasante em nosso peito é o instante,

mais uma pintura amassada,

novo papel de parede.


As malas meio abarrotadas

Deixam cair certos pertences na estrada.

Não vemos,não há tempo de recolher.

Não queremos,há dores a esconder.


Mas, percebemos algo:

As memórias ficam.


A casa está putrefata,

O trem está vindo,

Depressa!

A nave não cobra passagem,

Mas não garante viagem!


Não olhe para as águas fontes das marcas,

Mire o mastro que se levanta aos céus.

É a vela de um novo vento

Que a espera para retirar certas teias mal resolvidas.


Sopre firme, avante a novos reinos e nuvens.

Apenas não esqueça o motivo de sua ida:

Não chegue a novos ares sem saber quem fora,

Não jogue âncora à terra sem saber o porquê fugira.


Não pude embarcar em mesma nave.

Apenas peço que não se esqueça

Do meu lenço com passagens da nossa história.


Quando encontrá-la,

serão novas marcas,

novos rostos,

novos cheiros,

novos gostos,

novo cais.


Espero cruzar mesmo mastro

e hastear bandeira comum,

mas até lá ,

guardo com carinho

a pequena formosura

que fora essa aventura em versos.

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