domingo, 23 de maio de 2010

Homem não pode chorar

“Homem não pode chorar” foi o que me disseram quando eu tomei um tombo feio há muito tempo atrás. Desde pequeno, sempre acreditei que se fosse pra chorar mesmo, mas um choro daqueles de fazer a garganta e olhos doerem, só quando algo muito triste acontecesse! E por muito triste eu entendia mesmo quando alguém querido morresse. Inclusive, quando via nos velórios que alguém não chorava, pensava que era porque o morto não fazia diferença alguma, ficava muito bravo.

Pra mim, chorar era um remédio pra aliviar as dores, mas daqueles que você só usa quando não agüenta mais. Daí, se a gente chorasse por qualquer coisinha, era porque a gente era fraquinho e birrento, porque precisava tomar remédio sempre. Ou porque era menininha, e menininha chora até quando o mocinho da novela morre ou quando o colega rouba o lanche do recreio. Não, menininha eu nunca fui! Homem, definitivamente, não pode chorar, não, não.

Mas hoje, estou triste como nunca estive. E choro, mas de um jeito diferente.

Minhas lágrimas não estão nos meus olhos, estão no meu sorriso encharcado, na minha boca seca, nos meus sonhos desvairados naufragados.

Caro leitor, caso queira ouvi-las, não conseguirá. Minhas lágrimas correm pra dentro surdamente, é o amargo silêncio de quem não sabe o que fazer, mas tem que fazer algo. É o peito torto mal estufado, o adeus não querido, mas, momentaneamente, necessário.

Sim, definitivamente tenho que confessar: homem chora.

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